- Peça Coração - Dia 09/02/ 2011

Texto: Heiner Muller
Atores: Marcelo & Thais
Local - Sala do Jair

Meu primeiro experimento como diretor não tenho muito que reclamar. Eu sabia das dificuldades, das limitações (de tempo e corpo) e principalmente de como passar toda aquela idéia que eu já tinha feito para a pratica.


A cena foi concebida de uma maneira interessante. Em casa, fiquei lendo e relendo o texto diversas vezes, a fim de encontrar alguma intenção diferente, alguma subjetividade naquelas falas. Embalado por musicas que me remetessem ao tipo de cena que eu queria criar. Fui com algumas idéias ate um pouco antes da cena começar a ser ensaiada e chegarmos num espaço novo, do qual eu não tinha pensado antes e tudo se misturar outra vez.

Pedi para que os dois atores fizessem uma leitura branca duas vezes antes de iniciarmos uma discussão sobre "em que situação aquele dialogo ocorreria". Depois, pedi para que trocassem os personagens, para que talvez, alguma intenção ainda não percebida viesse a tona em suas idéias, porem, sem sucesso. Ambos disseram não ter ajudado muito.

Decidi partir para a pratica e colocar a cena da maneira que imaginei, cenograficamente. Apesar de decidir o espaço de ultima hora, acredito que acabou ajudando nossa criação, afinal, as mesas e cadeiras nos deram muitas idéias, pena não conseguir executá-las todas.

Após o cenário resolvido, fomos para as ações, que foi a maior dificuldade. De fato, o que eu tinha imaginado não estava acontecendo, foi então que resolvi adaptar a minha idéia para o que eu tinha na pratica.
Quando os atores expunham suas opções, tentei me conter, para que não me tornasse um ditador. Tentei instigar em alguns momentos as falas, mas visto que eu não estava conseguindo ser claro, pedi para que ela fosse pronunciada da maneira que exemplifiquei.

Os atores me ajudaram a limpar muitas coisas, percebi a dedicação de cada um. O que mais me chamou a atenção foi a entrega. Não consigo entender o porquê, mas senti que a atriz se entregou completamente, topando quase tudo que eu propunha. Já a conheço o suficiente para afirmar que não me surpreendeu o desempenho. Meu espanto foi com o ator, que ainda estava um pouco receoso. Insegurança no diretor? Talvez. Insegurança no Texto? Difícil. Ainda comentamos na saída sobre suas caretas durante a cena, e de como estava "duro", durante as cenas mais "quentes". Acredito que seja pelo pouco tempo de ensaios, pelas propostas absurdas do diretor e certa intimidade que talvez ele não tenha com a atriz para ficar mais relaxado (sendo estes, não críticas, mas sim meros apontamentos de um primeiro trabalho).

Vendo de um plano geral (já citado lá em cima), não tenho do que reclamar. Gostei de ter a oportunidade de dirigir e ainda dirigir duas pessoas que me interessavam o trabalho. Agora, que venha a próxima direção!