terça-feira, 3 de maio de 2011

Antes das 4:48



(Quatro panos vermelhos, ligados do teto ao chão, formando um retângulo no centro do acontecimento previsto dentro um ator está posicionado para sua melhor performance; atrás, paredes largas para que futuramente um texto seja colocado lindamente).

Ele é tão vermelho quanto o sangue que esta saindo de minhas mãos; aliás, desde quando minhas mãos estão sangrando? NÃO IMPORTA.
Uma musica esta tocando ao fundo, não consigo reconhecê-la.

- Mas eu a conheço.Apesar de não saber ao certo o que estou fazendo,

estou lá a olhar para aquelas paredes vermelhas e passa pela minha cabeça tudo que aquelas mesmas paredes já presenciaram. O pecado que elas exalam é tão nítido quanto aquele vermelho que me chama tanto a atenção. Elas me contam tudo, sem deixar escapar nenhum misero detalhe da falta de pudor, prazeres correspondidos ou não, e outras coisas que desconheço por hora.
Agora tudo faz sentido. O sangue, as paredes, o pecado. Tudo é vermelho. Inferno é o nome mais apropriado para aquele lugar. Vermelho é minha cor favorita. A musica ao fundo continua a mesma a tocar.
Quando me dou conta, percebo que alguém esta me olhando e não faz pouco tempo, pois já sabe de tudo que eu sei. SEU ROSTO ME REVELA ISSO.
Instinto é vermelho. Eu simplesmente sei que é. Ele que me empurrou como um pai empurra um filho no primeiro pedalar da bicicleta. ANALOGIA TOLA, pais são INOCENTES, tanto quanto seus filhos.

(Uma jovem garotinha deveria entrar em um velotrol cantando "Boas Festas" de Assis Valente [se for encenado na época natalina a obra ganha um valor maior])

 - Aquilo não teve nada de inocente, pelo contrario, aquilo foi perverso.

Não trocamos uma palavra e já nos beijávamos como amantes. Minhas mãos acariciavam todo o corpo dela. Depois de um tempo, percebi que elas não sangravam mais. É lógico, elas encontraram o que queria, não havia mais porque chorar. A música toca como sempre.Por que a musica não para de tocar? SEMPRE A MESMA. SEMPRE. Novamente descarto as perguntas da minha cabeça enquanto apenas pratico atos. Pensamentos são imprudentes nessas horas.

-Eles podem nos parar.

 
A música insiste. Aquela musica esta fazendo me sentir como se meu sangue estivesse sendo substituído por algo acido, algo venenoso. Estou gostando, quero mais.


                       12                                             pl,
        545                         edc
             mmm                                                           4536
                           0                                                                    tfbh


Já não me contenho mais em meu próprio corpo e me misturo, não só a aquela pessoa, mas a tudo. Sangue, carne, eu, ela, paredes, PECADO. MUSICA.

5 comentários:

  1. "Instinto é vermelho. Eu simplesmente sei que é. Ele que me empurrou como um pai empurra um filho no primeiro pedalar da bicicleta. ANALOGIA TOLA, pais são INOCENTES, tanto quanto seus filhos.

    (Uma jovem garotinha deveria entrar em um velotrol cantando "Boas Festas" de Assis Valente [se for encenado na época natalina a obra ganha um maior valor])

    - Aquilo não teve nada de inocente, pelo contrario, aquilo foi perverso".

    Identificar-se com este trecho me torna alguém estranho? Oo

    Muito bom velho (Y)

    ResponderExcluir
  2. Alo, é da policia federal? Sim, sim.. É isso mesmo, pedofilia... U_U

    ResponderExcluir
  3. Muito bom Guilherme... perturbado.. mas muito bom! Com começo piegas... mas somos todos né!rs
    Gostei..
    Parabéns!
    Um beijo na testa.

    ResponderExcluir
  4. Nosss, forte esse texto hem, mas gostei demais.. mandou super bem com as palavras e a forma q escreveu!
    Parabéns Guili
    Bjuss

    ResponderExcluir
  5. Bom texto,bem escrito,caminha pra um desenvolvimento,achei que ainda é um pouco afoito,há uma dose de arritmia neste texto(não sei se essa foi a intenção).
    Acho que tudo é questão de trabalhar o timing,mas no que diz respeito ao conteúdo achei muito bom Guili,parabéns.

    ResponderExcluir

OhRly?